domingo, 6 de novembro de 2011

Ativ. 3.2 - Utilizando tecnologias em sala de aula

Por que estudar análise sintática?

Situação 1
Situação 2
Situação 3
Todas as situações acima são fatos do nosso cotidiano. Expressamo-nos através de palavras, gestos, imagens, sinais, cores, enfim, de todas as formas que nos permitem ser entendidos e fazer-nos entender. Isto é linguagem, pode ser língua e pode ainda ser fala.
Considerando que, em todas as nossas manifestações de comunicação, expressamo-nos a partir da nossa capacidade de organizar mentalmente mensagens, isto é, de estruturar nossos pensamentos, nossas emoções e sentimentos em frases, orações e períodos, é que precisamos saber o que queremos expressar, para entender por que precisamos utilizar este ou aquele recurso sintático de que a língua dispõe para traduzirmos com a maior clareza e exatidão possível o que pensamos e sentimos.
Por isso estudamos análise sintática. E quem não estuda isso, não consegue expressar de forma clara, precisa e exata o que pensa e sente? Possivelmente sim. Então? Por que precisa estudar? O que torna quem estuda diferente de quem não estuda isso?
No nosso caso particular, interessa-nos destacar a comunicação consciente e inconsciente, através do uso dos recursos sintáticos da Língua.
Quem usa, conscientemente, um recurso sintático, é capaz de perceber a intenção comunicativa de quem usa outro recurso.
O estudo da análise sintática obriga, necessariamente, a revelação da intenção comunicativa de quem formulou uma frase, uma oração ou um período no seu pensamento e traduziu em palavras.
Não significa dizer que quem tem domínio da estrutura sintática da Língua seja um(a) advinho(a), um leitor(a) do pensamento alheio, e sim um intérprete de uma intenção oculta nas entrelinhas das palavras.
Quem estuda análise sintática sob esta ótica da leitura de mundo, da leitura da realidade, tem menos chance de ser enganado ou passado para trás.
Esta é a justificativa que pode motivar alguém a interessar-se pelo estudo da estrutura sintática do pensamento.
Se não vejamos a situação 1 proposta no início:
No 1º quadro: o pensamento está estruturado começando por um chamado: “meu Deus” – este termo, sintaticamente, chama-se vocativo, foi usado para expressar espanto diante de um situação clara, no entanto, a finalidade do uso, isto é, expressar espanto, revela uma convicção interior de quem externou com palavras o chamado: revela uma crença, uma convicção que está enraizada na mente de quem proferiu a expressão e, consequentemente, de quem criou o personagem e o fez chamar por Deus e não por outro ser. Observe-se a inicial maiúscula da palavra Deus. Alguém que crê na existência de Deus, quer transmitir para quem lê o que escreveu, que ele crê em Deus e subjacente a isto, sente-se, de forma velada, a intenção de provocar o(a) leitor(a) a também crer em Deus.
Ainda no primeiro quadrinho: o motivo do espanto que provocou o chamamento por Deus: “quanto livro”. Sintaticamente, estamos diante de uma ideia de quantidade, expressa pela palavra “quanto”, que chamamos de adjunto adverbial de quantidade. O que impressiona não são os objetos, mas a quantidade deles, muitos. A estrutura deste pensamento não deixa a menor dúvida de que se trata de livros e não de outros objetos. Nesta organização mental, a palavra livros, sintaticamente, é objeto direto e na oração, usamos objeto direto quando não se quer deixar dúvida a respeito do que se está falando. Neste caso, não são revistas, gibis, jornais, panfletos, placas, outdoors, e sim, livros.
O espanto diante da quantidade de objetos que fez o personagem externar a convicção de crê em Deus, revela uma outra intenção de quem escreveu o texto: a aversão pela leitura de quem se espantou com a quantidade de livros. É alguém que não tem o hábito de ler e que expressa o sentimento de aversão pelo espanto diante do objeto. A intenção do autor do texto fica clara: não é elogiar, aplaudir, incentivar a preguiça de ler, e sim criticar quem não tem o hábito da leitura.
Olhemos, agora, para o último fragmento do pensamento expresso no primeiro quadrinho: “para ler...”. Trata-se de um complemento para explicar o motivo da existência do objeto na frase. Os livros são para ser lidos e não queimados, jogados fora, guardados, vendidos, doados etc. Nesta frase, o termo para ler,  está completando o significado do substantivo livros, por isso chamamos a isto de complemento nominal.
Podemos ficar por aqui para demonstrar que análise sintática é a tradução do pensamento de um interlocutor, porque através dos termos usados para se estruturar uma frase, uma oração ou um período, é que podemos desvendar a intenção comunicativa de quem se expressou.
Assim, ao invés de se ensinar os termos da oração em aulas de análise sintática, propomos elaborar um currículo que contemple neste estudo, orientar o estudante a inferir o que está por trás dos termos e da ordem como o pensamento está estruturado. Não se fala nem se escreve à toa, sem intenção.
Esse conteúdo pode, perfeitamente ser combinado com a Sociologia ao explorar os dois níveis de consciência: crítico e ingênuo, com a Matemática, na provocação do raciocínio lógico e da interpretação para a resolução de problemas, com a Filosofia na exploração dos enunciados falaciosos, na Literatura ao explorar características de escolas que primavam pela forma e as que primavam pelo conteúdo. Enfim, é possível fazer links entre disciplinas, confirmando que interdisciplinaridade é integração de conhecimentos, é relação direta com a vida, com a realidade.
 A situação 3 são imagens objetivas, claras, indiscutíveis e relacionadas entre si, não em termos de  disciplinas escolares, porém é possível, partindo da primeira imagem, criar link com a disciplina História, Educação Física e a Língua Portuguesa. O estudante pode não saber quem são os personagens históricos das imagens 2 e 3, muito menos saber o que são fenômenos semânticos, em Língua Portuguesa. Certamente ele reconhecerá, pela sua vivência e pelo seu conhecimento prático, que a imagem 1 é uma situação de impedimento, no futebol, insere-se o link para a História e tem-se o impedimento do ex-presidente Collor, insere-se outro link para a História recente do País e tem-se o impedimento do ex-vice-presidente José Alencar, para participar da posse da presidente Dilma Roussef e um outro link, explica-se, pela Língua Portuguesa que a mesma palavra impedimento usada em circunstâncias diferentes, assume significados diferentes, ao que chamamos de polissemia.
 As três situações propostas acima, apresentadas em uma aula de Língua Portuguesa, em sala de aula, com o auxílio de um computador acessado à Internet ou em uma sala de informática de uma escola qualquer, tornar-se-ía interativa, interdisciplinar e de aprendizado através do computador, porque o aluno, por causa do seu interesse inicial: por que estudar análise sintática? provocado pelo professor, pesquisando, em plena aula, alcançaria o seu    objetivo na escola: construir conhecimentos novos, propostos no currículo escolar de forma diferente, comprovando que é capaz de aprender através do computador, e que o computador é capaz de ensinar. O que seria feito em aulas separadas, com professores diferentes em horários diferentes, é possível fazer em todas as aulas, tornando, assim, as disciplinas uma continuidade da outra, este é um dos benefícios do computador para a educação.
Este procedimento representa, de fato, uma mudança no modelo pedagógico, porque o aluno passa a ser construtor do seu conhecimento. O computador torna-se um instrumento didático, que pode ser usado em todas as aulas, por qualquer professor, em qualquer disciplina com respostas instantâneas às dúvidas, curiosidades e até ao próprio desconhecimento do estudante.
Resta ao professor saber utilizar a ferramenta e trabalhar interdisciplinarmente, sem receio de ser substituído pela máquina, que jamais substituirá o ser humano.
Prof. Demétrio Mácola

Nenhum comentário:

Postar um comentário