EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE
Para se pensar em educação é preciso, antes de tudo, que se faça uma profunda reflexão sobre o homem, partindo-se de um questionamento não menos profundo: a educação que recebemos e a que hoje praticamos tem servido como instrumento de liberdade para o homem?
A resposta não é simples nem fácil. E complexa, longa, requer análise, exemplos ilustrativos, discussões, enfim, um minucioso exame do que se fez e do que se anda fazendo nesse campo vasto e minado pelo qual o homem tem caminhado. Qualquer, porém, que seja a resposta, ela deve ser buscada e encontrada no próprio homem e tem que estar fundamentada na certeza de que o ser humano é inacabado, está em permanente construção. Sendo racional, o homem reconhece suas limitações, sabe de suas imperfeições e quer superá-las para sentir-se mais completo, crescer um pouquinho mais a cada dia e, assim, eliminar, gradualmente, as imperfeições que vai descobrindo em seu ser, substituindo-as por virtudes que lhe possam elevar e promovê-lo como gente, como pessoa. E essa consciência de ser inacabado e incompleto que obriga o ser humano a educar-se, formar-se, aperfeiçoar-se.
A educação surge daí, da descoberta que o homem faz de si mesmo, do contrário ela não existiria e o ser humano continuaria prisioneiro de si, de sua própria ignorância. Por isso mesmo, a educação deve e tem que estar a serviço do aperfeiçoamento humano, em todos os sentidos.
A educação que conduz à liberdade é aquela que tem o compromisso de abrir os olhos dos “cegos”, aquela que é capaz de mostrar a realidade sem máscaras, que situa o homem dentro da verdade dos fatos, que permite a ele o desenvolvimento da capacidade de criar, o direito de questionar, o dever de opinar, que estimula a ousadia de desafiar o que ainda não foi experimentado e o desconhecido, que o encoraja a se firmar como ser pensante, descobridor do mundo, veiculador de conhecimentos e não apenas um pobre receptáculo do saber alheio.
A educação conduz à liberdade quando ela não aliena, quando ela não se afasta das raízes da verdade, quando ela aproxima o homem da sua própria realidade para que este a conheça profundamente, a fim de transformá-la. Se o objetivo maior da educação não for transformar a realidade dos homens, ela não tem razão de ser nem de existir, pois o homem continuará cego para a sua própria condição de vida. E é esta cegueira do homem ante a realidade que a educação tem o dever de curar. Esta é a sua missão.
As escolas e as universidades deveriam ser o espaço privilegiado da formação humana, mas, muitas vezes, é-se obrigado a constatar que essa instituições cederam lugar e espaço tão somente à transmissão de conteúdos curriculares, sem grandes preocupações com a formação ética, moral, espiritual, com o caráter e a personalidade do homem, que não é só matéria, mas espírito também.
O Papa Paulo VI, em sua famosa Encíclica “Populorum Progressio” escreveu: “Constrange pensar que muitas jovens. adquirem certamente uma formação de alta qualidade, mas, com freqüência, perdem a estima dos valores espirituais que, muitas vezes, eram tidos como patrimônio precioso nas civilizações que os viram crescer”.
O verdadeiro educar não pode se omitir na tarefa de harmonizar o homem com o seu espírito, em nome da Paz, da justiça da sabedoria.
Prof. Demétrio
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