domingo, 25 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

Para se pensar em educação é preciso, antes de tudo, que se faça uma profunda reflexão sobre o homem, partindo-se de um questionamento não menos profundo: a educação que recebemos e a que hoje praticamos tem servido como instrumento de liber­dade para o homem?

A resposta não é simples nem fácil. E com­plexa, longa, requer análise, exemplos ilustrativos, discussões, enfim, um minucioso exame do que se fez e do que se anda fazendo nesse campo vasto e minado pelo qual o homem tem caminhado. Qualquer, porém, que seja a resposta, ela deve ser buscada e encontrada no próprio homem e tem que estar fundamentada na certeza de que o ser humano é inacabado, está em permanente construção. Sendo racional, o homem reconhece suas limitações, sabe de suas imperfeições e quer superá-las para sen­tir-se mais completo, crescer um pouquinho mais a cada dia e, assim, eliminar, gradual­mente, as imperfeições que vai descobrindo em seu ser, substituindo-as por vir­tudes que lhe possam elevar e pro­movê-lo como gente, como pes­soa. E essa consciência de ser inacabado e incomple­to que obri­ga o ser humano a educar-se, formar-se, aperfeiçoar-se.

A educação surge daí, da descoberta que o homem faz de si mesmo, do contrário  ela não exis­tiria e o ser humano conti­nuaria prisioneiro de si, de sua própria ignorância. Por isso mesmo, a educação deve e tem que estar a serviço do aperfeiçoamento humano, em todos os senti­dos.

A educação que conduz à liberdade é aque­la que tem o compromisso de abrir os olhos dos “cegos”, aquela que é capaz de mostrar a reali­dade sem máscaras, que situa o homem dentro da verdade dos fatos, que per­mite a ele o desenvolvimento da capacidade de criar, o direito de questionar, o dever de opinar, que estimula a ousadia de desafiar o que ainda não foi experimentado e o desco­nhecido, que o encoraja a se firmar como ser pen­sante, descobridor do mundo, veiculador de co­nhecimentos e não apenas um pobre receptáculo do saber alheio.

A educação conduz à liberdade quando ela não aliena, quando ela não se afasta das raízes da verdade, quando ela aproxima o homem da sua própria realidade para que este a conheça profundamente, a fim de transformá-la. Se o objetivo maior da educação não for transformar a realidade dos homens, ela não tem razão de ser nem de exis­tir, pois o homem continuará cego para a sua própria condição de vida. E é esta cegueira do homem ante a realidade que a educação tem o dever de curar. Esta é a  sua missão.

As escolas e as universidades deveriam ser o espaço privilegiado da formação humana, mas, muitas vezes, é-se obriga­do a constatar que essa instituições cederam lugar e espaço tão somente à transmissão de conteúdos curriculares, sem grandes preocupações com a for­mação ética, moral, espiri­tual, com o caráter e a per­sonalidade do homem, que não é só matéria, mas espírito também.

O     Papa Paulo VI, em sua famosa Encíclica “Populorum Progressio” escreveu: “Constrange pen­sar que muitas jovens. adquirem certamente uma formação de alta qualidade, mas, com freqüência, per­dem a estima dos valores espirituais que, muitas vezes, eram tidos como patrimônio precioso nas civilizações que os viram crescer”.

O verdadeiro edu­car não pode se omitir na tarefa de harmonizar o homem com o seu espírito, em nome da Paz, da justiça da sabedoria.
Prof. Demétrio

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